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SABER QUANDO INSISTIR É TÃO IMPORTANTE QUANTO RECONHECER A HORA DE PARAR

Leandro Mantelli
Escrito por Leandro Mantelli

Num quente dia de verão, uma raposa passeava por um pomar. Com sede e calor, sua atenção foi capturada por um cacho de uvas.

A raposa pensou: “Que delícia. Era disso que eu precisava para adoçar minha boca.” E, de um salto, a raposa tentou, sem sucesso, alcançar as uvas.

Ela fez várias tentativas… exausta e frustrada, a raposa afastou-se da videira, dizendo: “Aposto que essas uvas estão verdes”.

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A pequena história carrega uma poderosa moral que todos reconhecem e já praticaram ao menos uma vez (provavelmente inúmeras vezes) nos últimos 2.500 anos.

Quando algo dá errado, achamos uma desculpa para comprovar que a culpa foi da circunstância e não nossa, aliviando a frustração.

Escrita pelo grego Esopo muitos anos antes de Cristo — antes mesmo de Platão e Aristóteles virem ao mundo — suas histórias viajaram o mundo todo durante muito tempo para se tornar o que hoje conhecemos como fábulas; história com elementos simples e conhecidos, por vezes infantis, mas que escondem lições poderosas sobre o comportamento humano.

“A galinha dos ovos de ouro”, “o gato e o rato”, “a cigarra e a formiga” e “o lobo em pele de cordeiro” são algumas das histórias mais conhecidas no Brasil”, mas “a raposa e as uvas” é uma das mais difundidas no mundo.

Na Hungria, a expressão popular savanyu a szolo faz referência à fábula, na China se diz “as uvas são verdes porque você não consegue alcançá-las” e na Suécia: “Surt, sa räven om rönnbären.

Entendeu alguma coisa? “verdes, são as uvas, quando você não consegue alcançá-las”. Porque, se conseguisse, elas serias as uvas mais deliciosas que você já comeu na vida. Com que frequência você faz isso?

Se a empresa demitiu você é porque ela não presta, se a namorada lhe deixou é porque não te merecia, se a promoção não aconteceu é porque o outro tinha um QI, e tantas outras coisas que acontecem que são exemplos de uvas verdes. Pobres uvas.

Embora, na vida real, as uvas possam contribuir diretamente para sua frustração, em muitos casos são as atitudes (ou a falta delas) que nos conduzem até ela. Talvez você estivesse se dedicando pouco ao seu trabalho e foi demitido, O seu ciúme, grosseria e apatia podem ter feito o amor desaparecer e por isso o relacionamento acabou.

Você talvez nunca tenha feito questão de construir laços nas empresas por onde passou, ou parou no tempo do aprendizado, por isso nunca foi promovido.

Foi você! Fui eu! Talvez os outros tenham tido uma parcela de culpa, mas no fim de tudo, a culpa é nossa. Nós conhecíamos as regras do jogo, sabíamos como as coisas funcionavam, dos perigos, dos obstáculos e topamos. Mas nem sempre conseguimos.

E desde quando é preciso conseguir tudo sempre? É normal, mas infelizmente o que não é normal é reconhecermos o nosso papel de protagonista do fracasso.

Quando algo não dá certo comigo, a minha namorada costuma me dizer “tudo bem, não era para ser”. Já minha mãe usa a religião “filho, Deus não quis assim”, e eu me pergunto será?

Será que eu não poderia ter feito mais do que fiz? Será que eu não saltei alto o suficiente (torci mais para as uvas caírem do que para dar um salto incrível?).

Difícil dizer, mas fato é que sempre podemos melhorar, sempre podemos ir além. Precisamos ser honestos com nós mesmos, eu dei o meu melhor de verdade?

Se sim, é preciso ficar tranquilo e seguir em frente. Se você sabe que poderia ter se esforçado mais, pense nisso e na próxima use como motivação.

Uma coisa é certa, saber quando insistir é tão importante quanto reconhecer a hora de parar de tentar.

É realmente frustrante tentar, tentar e tentar sem conseguir, mas se você tivesse analisado a situação com calma antes de dar o primeiro pulo, talvez tivesse percebido que não valia o esforço.

Colocar a culpa “nas uvas” é compreensível, mas não é sábio pois reconhecer os próprios limites é o primeiro passo para o crescimento.

Ao dizer que as uvas não estariam tão saborosas assim você se sente mais confortável, mas não o prepara para a próxima.

A psicologia poderia explicar dizendo que isso é uma maneira de diminuir a dissonância cognitiva, trocando em miúdos, diminuir o conflito do “querer” e “não poder”.

Então, entra a desculpa no jogo para proporcionar um certo alívio.

Como qualquer coisa datada antes de Cristo, é praticamente impossível averiguar os fatos sobre Esopo e suas histórias originais.

Há grandes chances da raposa não ser realmente uma raposa, das uvas serem outra fruta, e em algumas versões, o gato e rato é a doninha e a galinha, mas quem se importa?

A moral que essas histórias carregam pouco tem a ver com seus personagens e cenários, e sim com suas atitudes, problemas e emoções envolvidas.

Então, pode ser eu ou você, aqui na Suécia ou 2.500 anos atrás na Grécia antiga, todos nós somos azedos como uvas verdes de vez em quando.

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