O cenário do empreendedorismo digital e da inovação se amplia cada vez mais no País.
Levantamento da Associação Brasileira de Startups (AB Startups) aponta que de 2015 até 2019, o número de startups no país mais que triplicou, passando de 4.151 para 12.727 (um salto de 207%) sendo que há cerca de 13.000 cadastradas na base de dados parceira da associação, o Startupbase.
Jovens Apostam no Futuro
No comando desses empreendimentos, como não poderia deixar de ser, 55% são jovens entre 20 e 23 anos, que essencialmente têm formação em áreas como tecnologia, marketing ou administração.
Mesmo que esse modelo atue hoje em condições de extrema incerteza devido à burocracia, alta carga tributária e até pela necessidade de educar melhor esses empreendedores para montar planos de negócio.
O que mais chama a atenção, porém, é que o começo desses negócios ainda remete às primeiras startups americanas da década de 70.
Com muitos desses jovens começando em garagens ou em quartos trabalhando em casa e remotamente.
Segundo dados da Associação de Investimento de Capital Privado na América Latina (LAVCA, em inglês), o investimento de venture capital em startups latino-americanas totalizou US$ 2,6 bilhões, divididos em 2019. Para comparação, em todo o ano de 2018, foram arrecadados, US$ 2 bilhões.
Paolo Umberto Petrelli, diretor da entidade na região Centro-Oeste que também é um desses empreendedores, explica que a entrada de capital nessa indústria vem crescendo “absurdamente”.
Em 2005, explica, a média anual de investimentos era de US$ 700 milhões.
Desde então, esse montante vem aumentando em torno de US$ 300 milhões por ano. “É uma indústria que cria oportunidades e destaca o País no quesito inovação”, ressalta Petrelli.
Startups Projeto
Além de se organizar em uma associação sem fins lucrativos criada no formato startup, dirigida por jovens criadores de empresas do tipo para atuar no desenvolvimento da cena no País e fomentar o empreendedorismo digital, esses empreendedores já se movimentam em outras esferas
Numa delas conseguiram que o Senado Federal aprovasse o Projeto de Lei 321/2012, que isenta de impostos empresas desse porte com receita bruta de até R$ 30 mil por trimestre.
Sob responsabilidade do senador Agripino Maia (DEM-RN), o projeto é de autoria dos estudantes da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Bispo de Oliveira e Murilo Medeiros.
Na época, a AB Startups lançou uma petição online para recolher assinaturas para apoiar o projeto.
“É importante que o governo entenda que as startups precisam de atenção especial, pois na maioria das vezes trabalham com inovações que exigem dinheiro, agilidade e pouca burocracia”, afirmou Gustavo Caetano, membro do conselho da AB Startups, autor do livro “Pense Simples”, CEO da Sambatech, empresa pioneira no conceito de logística digital que oferece soluções de vídeos online.
O projeto define que as empresas inscritas no SisTENET estarão isentas, por dois anos, de todos os impostos federais, estaduais e municipais.
Findo o prazo de dois anos, as empresas poderão prorrogar sua permanência no sistema por igual período.
Porém, caso não observem mais os requisitos do SisTENET e atendam às especificações legais do regime Simples, serão automaticamente inscritas no Simples, obtendo redução de 50% de todos os tributos pelo prazo de um ano (fonte https://www.conjur.com.br/2013-out-15/projeto-lei-cria-regime-tributario-diferenciado-startups).
Aprendizado
Não só o cenário de incertezas pode atrasar o desenvolvimento de uma startup.
Petrelli explica que é comum esses empreendedores se entusiasmarem para entrar na “onda” do mercado, achando que basta apenas conseguir dinheiro para financiar a ideia.
Porém, que não dá para começar um negócio à espera de faturar milhões sem trilhar o caminho do aprendizado: o correto, diz ele, é buscar conhecimento para criar um projeto no menor tempo possível e com investimento menor.
Além do apoio de metodologias que ajudam a diminuir riscos e ensinam como validar sua ideia até encontrar um modelo de negócio ideal.
O professor Cláudio Vilar Furtado, diretor executivo do Centro de Private Equity e Venture Capital da Fundação Getúlio Vargas (GVCepe) explica que, apesar de a cultura startup estar chegando fortemente ao Brasil há muito trabalho à frente no que diz respeito a educar esses empreendedores.
“Quando se fala em startups brasileiras, pode-se dividir em 50% que efetivamente têm conteúdo inovador, e 50% que não têm. E se hoje há 6% ou 7% de empresas do tipo com bom conteúdo tecnológico, apenas uns 2% vão receber investimento de fundos de venture capital e outros”, diz.
“Há empreendedores de muita iniciativa, mas que não trazem verdadeiro diferencial para o mercado.
A dificuldade é grande em encontrar os que possuam profunda visão de negócio para se enquadrar no panorama das startups.
Muitas vezes, não se cria um negócio escalável para gerar um vetor de crescimento e se tornar uma supermarca, um produto de aceitação mundial, por falta de conhecimento”, afirma Furtado.
Engajamento
O principal problema que, além dos impactos tributários e burocráticos, faz com que 40% dessas empresas decretem falência antes de completar dois anos, segundo Petrelli, é desenvolver um produto que seria 100% funcional e inovador, e colocá-lo no ar sem conhecimento técnico para tentar validá-lo no mercado.
Para eliminar essa dificuldade, explica, o ideal é procurar incubadoras/aceleradoras de negócios ou participar de eventos específicos – como os Startup Weekend, realizados com frequência por todo o Brasil, onde o empreendedor tem 54 horas para desenvolver uma ideia e descobrir in loco, junto ao público, se essas pessoas estão dispostas a utilizar – e pagar – pelo seu produto.
“Há milhões em dinheiro entrando nessa indústria, mas há poucos empreendedores qualificados. É preciso mostrar que sua ideia é bem aceita no mercado”, afirma o dirigente da AB Startups.
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